Então ela adormeceu no meio de tantas lembranças. E acordou
cercada de saudades. Lembranças pequenas,talvez. Momentos simples, carregados
de uma saudade gigante. Tudo parecia tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Ela
se lembrava de tudo como se fosse ontem, mas não conseguia chegar mais perto.
Deitada, olhando pro teto, ela percebia o quanto tinha sido feliz. Todas as
histórias eram repassadas, como num filme. Involuntariamente, ela sorriu. E sentiu alguma
coisa diferente. Não era simplesmente relembrar o passado. Alguma coisa mexia
com ela. Fisicamente. Não conseguia descobrir o que era. Ficou em silêncio. Até
que se deu conta, de que toda aquela estranheza, vinha de tão próximo: era seu
coração que não se aguentava. Ele falava mais alto. As batidas podiam se ouvir,
de tão forte. Descompassadas. Só então, ela se deu conta de que aquilo ainda vivia dentro dela, da
mesma forma que nunca tinha saído. Da mesma forma que nunca ia sair. Desde o início ela sempre soube... Já era amor, antes de ser. Ela não sabia bem o porque, mas tinha certeza de que esse era um daqueles amores, que tem o poder de durar mais de uma vida. E duraria.
Mayra Coimbra