quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A arte de engolir e expulsar palavras






É como me livrar de um peso nas costas. É como aliviar a alma. É como esvaziar a caixinha de sentimentos que vive em mim. É me sentir leve. É me sentir bem. Pode parecer estranho, mas é exatamente assim que eu me sinto quando escrevo. As palavras conseguem esvaziar tanta coisa dentro de mim. Elas conseguem eliminar as dores, as lágrimas, os pesos e acho que os pensamentos também. No momento em que escrevo, vou colocando para fora tanta coisa que me aflige. Tantos medos, incertezas, inseguranças, sentimentos. 
As letras que vão se juntando e formando meus textos, tem poder especial. Tem poder único de me fazer forte, me fazer inteira, e me fazer nova. E me fazer pronta. Depois do último ponto, sei que minha respiração será sempre mais leve, meus pensamentos mais organizados e meu coração mais aquecido. Talvez seja por isso que eu escreva, pra aprender a conviver com os monstros, a qual chamo de “tristeza”. E a felicidade? Ah, a felicidade são as fadas. Não precisam ser expulsas. Precisa ser alimentada.  Porque a felicidade não permite esvaziar a alma. 
Costumo dizer que ás vezes a felicidade  me rouba o poder da escrita. Me sinto tão leve, tão viva, que não sinto necessidade de colocar nada para fora. Quando estou feliz, a necessidade que tenho, é de engolir o mundo. De engolir palavras. Mas a tristeza, a tristeza não... Ela tem mesmo essa necessidade louca de expulsar tudo que incomoda, tudo que é demais... 
Palavra é renascimento, é acordar a vida esquecida que se tem dentro. E é por isso que ontem eu escrevi, que hoje eu escrevo e que amanhã eu vou escrever.  Porque escrever é descarregar um pouquinho do peso da vida, pra poder continuar. E não é que ás vezes ela pesa?! 
Como agora, nada me dói, nem me sobrecarrega, escrevo só pela necessidade de saber que ainda sem precisar, é isso que eu gosto de fazer.

Mayra Coimbra 
 

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