quinta-feira, 4 de julho de 2013

Escolhi ser laço

Era mais uma de muitas madrugadas insone ainda que o corpo desejasse o tão sonhado descanso. Não sei porque ainda não inventaram um relógio para controlar nossos pensamentos. Alguém poderia dizer para o meu: eii psiiiu, desliga aí. Já está na hora de deitar. Mas, enquanto não conseguem fazer isso, o meu seguia trabalhando. E no meio de tamanha atividade, me recordei de uma conversa que tive uns dias atrás,sobre o  frequente medo das pessoas de estarem juntas. E a primeira coisa que veio a minha cabeça foi a imagem de um laço e de um nó.
É... para mim os relacionamentos se dividem entre relacionamentos laços e relacionamentos nós. Se você tiver a oportunidade de escolher, não hesite em escolher os laços. Seja eles de amor, amizade ou companheirismo. Mas nunca nós. Laços são doces, nós são amargos. Laços embalam presentes, lembranças, sonhos e até sentimento. Nós apertam caixas, prendem fios, sufoca gente. Laço é ato de vontade, precisa de cuidados e de atenção especial para que não se solte. Nó é obrigação, e por isso é ignorado, pois convive-se com a certeza de que nunca se desfaz.
Nós são como pontos em frases, fecha orações, pensamentos e acho até que sentimentos. Laços são como vírgulas, são pausas momentâneas, tem começo mas não tem fim. Enrosca, mas não enrola. E há ainda alguns céticos que irão dizer que laços são instáveis, se desfazem com a mesma facilidade de quando são feitos. Mas você suportaria conviver com a ideia de ser preso? Você conhece algo ou alguém capaz de sobreviver sob excessos sufocantes? Até mesmo o melhor dos floristas, se aguar em excesso uma flor, pode levá-la a morte. Li uma vez em algum lugar, não prenda, não sufoque, não escravize. Quando vira nó já deixou de ser laço. Hoje eu aprendi isso. Se puder escolher, embale sentimentos ao invés de sufocá-los, talvez seja por um dia ter sido nó, que agora dou valor aos laços.

Mayra Coimbra

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Nossa história sendo escrita




15 anos. Muitos sonhos, desejos e pressas. Essa era uma menina, que como todas da sua idade, vivia de urgências, sede e atropelamento. Apesar de nova, já carregava na bagagem da vida, muitas frustrações, tristezas e também decepções. A vida não tinha lhe poupado de nada. E nem lhe pouparia. Mas era forte o suficiente para saber que o que quer que acontecesse, ela suportaria. Foi nesse cenário que ela se deparou com uma verdade: Aquele menino estava gostando de uma garota. E ela não poderia sequer imaginar a hipótese, de que fosse alguém, se não ela. Chegou do colégio, jogou a mochila na cama. Sentindo a respiração descompassada e vendo o peito subir e descer, percebeu a agonia que sentia  e a necessidade de dizer que o amava. Mas não podia ser ridícula. Ele estava gostando de uma garota. E tinha grandes chances de não ser ela. 
Mas era. E ela descobriu isso dentro de um tempo. E dali em diante, tudo mudaria. Ela viveria os anos mais louco e surpreendentes de sua vida. Diga-se de passagem, os melhores também. Idas e vindas. Encontros e Desencontros. Virgulas, mas não pontos. Em alguns momentos tentou esconder, fingir que não sentia. Em outros, tentou realmente não sentir, em vão. Saiu de cena, deixou que ele descobrisse a felicidade fora dela. Ou pelo menos que ele tentasse em vão, encontrá-la.
E por um algum motivo que ela não compreendia, ou talvez por simples força do destino, aquele sentimento encontrou o caminho de volta. Um caminho mais estável, sem tantos pedregulhos, e com caminhantes mais maduros. A lei da vida, de deixar que as coisas, como as flores se desabrochem, quando tem que estar. 
Mas esta é uma história, em que eu não posso adiantar o fim, pois ainda está em trânsito...
Sendo escrita pela vida, que segue seu curso habitual de fazer os dois felizes.
Em um lugar onde o pra sempre, realmente existe. Pois esse, era mesmo um amor fora do comum. Aqueles do tipo além da vida. 


Mayra Coimbra 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Para a minha mãe



Papai do céu acho que a modernidade já chegou aí no céu né? Nunca vi você pelo facebook, twittter, essas coisas toda. Mas talvez você seja reservado e só fique de olho em tudo o que a gente faz. Bom, como essa coisa toda de cartinha tá meio ultrapassado, vou compartilhar com o Senhor um post do meu blog e espero que o senhor receba. E não vá se esquecer de entregar a minha encomenda. Combinado?

Vou falar dela.
Ela desvenda os meus segredos, antes mesmo que os conte. Ela lê meus pensamentos, antes mesmo que eu fale. Ela é aquele que ouve meu silêncios, como se estivessem voz. Ela sente as minhas dores como se fossem dela. Ela que com seu esforço, realiza todos os meus sonhos. Ela sabe o que tenho, como se fosse máquina de Raio X. Ela que com seu abraço, cura todas as minhas dores.  É certo que vive minha vida, como se fosse a dela. Fico brava ás vezes. Muito brava. Mas não será que ela tem razão? Somos uma extensão,  não sei onde começo e não sei onde ela tem fim. Somos mistura, dna, cordão umbilical.
Mulher guerreira, a quem a vida fez ser forte. Mulher carinhosa, que já nasceu transpirando amor. Mulher Mãe, a quem Deus deu o dom de ser. Mulher maravilha, aquela que resolve com simples passe de mágica, o problema mais impossível. Mulher amiga, que sabe querer bem. Mulher ÚNICA, que se tornou minha. Minha guerreira, minha carinhosa, minha mãe, minha maravilha, minha amiga, minha mulher. Meu exemplo e meu espelho. Hoje é seu dia. Há exatos 51 anos, Deus colocava no mundo A MULHER. Aquela que seria uma ótima esposa, uma super mãe. A MINHA mãe. Não existe palavras suficientes para te desejar tudo que você merece mamãe. Todos os adjetivos seriam muito pouco perto do que eu quero te dizer. E é por isso que estou aqui hoje, fazendo o presente que talvez melhor eu saiba fazer, ou o que eu mais gosto: escrever. E escrever pra mim, sobre você, é muito mais do que colocar palavras na tela de um computador. Cada letra digitada é um lágrima que sai dos olhos. É o coração colocando pra fora aquilo que ele só sabe sentir. E eu sinto tanto por você mãe. Sinto uma alegria enorme de ter sido presenteada com a graça de ser sua filha. Sim, é uma graça que eu recebi dos céus e nem que eu vivesse todos os meus dias agradecendo, seria suficiente perto da gratidão que sinto de ser sua filha. Hoje eu não quero pedir nada a Deus. Só quero agradecer a ele por ter me dado você. E agradecer a você por ser tudo o que é para mim. Aliás... eu errei Deus. Eu quero sim pedir algo a você, mas é só um pedido: Que o Senhor dê a ela muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita muita INFINITAMENTE MUITA SAÚDE.
Eu sei que o meu pedido é grande, mas acho que o senhor pode me quebrar esse galho. ;)
E já que vai me fazer esse favor, diga a ela que eu a amo e que é um amor maior que o mundo. E por favor, peça a ela para não brigar comigo, eu não devia ter revelado a sua idade.

Com carinho,
Mayra

Obs: Ahhh papai do céu não esquece de colocar na sua encomenda:
De: Mayra   Para: a minha querida mãe.



Mayra Coimbra 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Marinheiro do amor




E o amor acontece. Sem que seja necessário força, pressa, afobamento, ou pressão. Tanto se busca, se atropela, cai, pisa em falso, por não entender que  amar só é bonito quando acontece devagarinho, de levinho, na tranquilidade de dar um passo de cada vez. Na serenidade de não tentar entender o que está acontecendo. Na certeza de que funciona como colocar um barquinho de papel na água, e deixar que a correnteza leve, confiante de que ele vai parar exatamente no lugar que tem que estar. O amor só é bonito quando acontece por acaso, quando se busca motivos para ter acontecido e não se encontra, pois afinal, não foi acaso, algo planejado, nem nada parecido. 
MAKTUB. Simplesmente estava escrito. Escrito nas estrelas, no mar, na lua, na ficha do céu... nas mãos de Deus. Bonito mesmo é quando vem quando tem que vir, quando você se entrega sem saber oque vai dar, apesar do medo e da incerteza do que virá. É deixar rolar água baixo, rio... mar... oceano.
O amor só é bonito quando o mestre marinheiro percebe que a vida a dois se constrói de chegadas, sem se esquecer das partidas. O amor só é bonito quando rouba a identidade, traz a insanidade, e desperta todos os conhecidos e desconhecidos, que habitam o porto (in)seguro que nós somos. O amor só é bonito quando é capaz de enxergar no outro imensidão e mar. Não é sobreviver do que é doce, mas também de tudo que é sal. De tudo que adoça e de tudo que amarga. 
O amor só é bonito quando suporta ondas, tempestades, maré forte, capotes. Bonito mesmo é quando o marinheiro é valente. E sabe que ainda que se tenha, que conviver com a possibilidade de um naufrágio, tsunami ou tubarão, permite entregar-se ao outro por inteiro, de verdade. De corpo, alma e coração. Já dizia o ditado: águas calmas não fazem bons marinheiros. Que dirá, bons amantes. 

Mayra Coimbra

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

As mentiras que os adultos contam





Estive pensando em mentiras, daquelas bem cabeludas que os adultos tem mania de repetir, e de transferir de geração em geração. Lá se vai uma delas, que um dia me ensinaram. Aposto que já disseram isso para você também. “O amor é cego.” Pura bobagem. Acho até que é justamente o contrário. Quando é amor de verdade, tudo parece passar por uma lente de aumento. Você é capaz de enxergar coisas que ninguém enxerga. Não existe camuflagem ou esconderijos. Você vê o que é. E o outro também.
E ainda dizem que "quando a gente ama não se vê defeitos". Outra grande mentira. Amar é saber dos defeitos e contraditoriamente encontrar ali a razão de todo sentimento.  É claro que atraímos o outro pelo que temos de melhor, mas só conquistamos definitivamente, quando ele passa a nos amar além das nossas imperfeições e também por causa delas.Parece não fazer sentido, mas sim, é exatamente isso. Não amamos o outro, apenas pelo que existe de bom e belo, mas por tudo aquilo que nos é oculto. Amamos o que nos desinquieta, o  que nos remexe, o que nos incomoda, o que faz nossas pernas tremerem e o coração bater mais forte.
Amamos a cara amarrada, o humor inconstante, a resposta que não é dada, a fala atravessada, o olhar que é desviado. Porque com o tempo, você descobre que é  dali que surge o sorriso mais lindo, o olhar mais doce, o coração mais belo. E isso faz valer a pena qualquer incompreensão. Não se deixe enganar pelas mentiras que os adultos ás vezes contam. É hora de aprender que amor não é feito biscoito recheado, em que os amantes, assim como as pessoas, decidem comer apenas o recheio. O nome disso é paixão, atração, ou qualquer outro sentimento que aceite apenas o que é conveniente ao outro. O amor? Esse é feito do todo, do que é bom e do que não é tão bom assim. É feito de dias de sol, como também dias de chuva. É feito de uma escolha sensata, de que quando a gente colhe uma flor de um jardim, ela é bela apesar dos espinhos e também por causa deles.
Hoje sei que sou rosa. E ser amada, está no conforto de saber que aceitaram meus espinhos. E se você se sente amado, pode ter certeza que aceitei todos os seus.

Mayra Coimbra

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A menina que "envelheceu"... feliz




Sempre que perguntam minha idade, ou preciso preencher um documento, me pego pensando em como o tempo voa. E é inevitável e imediato, o pensamento: “como eu to velha”. Não que eu me sinta “velha”, mas tenho a impressão de que tudo aconteceu outro dia mesmo. Outro dia mesmo, tudo que eu tinha que me preocupar, era com que cor deveria colorir meu desenho. Outro dia mesmo, eu escondia debaixo da mesa, quando cantavam “com quem será”. Outro dia mesmo eu cresci, e minhas noções de mundo cresceram junto comigo. Olhando para trás agora, vejo os poderes do tempo. Como tudo muda. Como a gente muda. Como eu mudei. E sabe de uma coisa, eu me orgulho tanto disso. É como se eu não precisasse de outras vidas, para ser novos eus. E é só aí, que eu entendo o jeito adulto de dizer: ele(a) amadureceu.
Eu me orgulho de olhar para trás e não ver aquela menina que queria tudo para ontem. Me orgulho de não ser tão possessiva com as coisas e pessoas que amo. Me orgulho de ser o que sou e de ter deixado de ser, o que fui. Foi inevitável.São fases que a gente é obrigado a passar. Mas veja bem, é preciso “passar”. E eu passei. Hoje estou de cara com a maturidade. E ela é simples, não tem mistério. É reconfortante. 
Ela te faz enxergar o que você passou a vida inteira tentando aprender. Ela não te faz refém da própria história, mas construtor do seu próprio destino. Ela não te faz querer apressar o tempo, mas te faz saber esperar o momento certo para que as coisas aconteçam. Ela te faz não exigir tanto da vida, e nos ensina a deixar com que ela nos surpreenda. 
Eu amadureci. E viva o amadurecimento. Hoje eu aceitei a intensidade, a profundidade, o muito de tudo, mesmo que isso resulte em uma coleção de arranhões.  Hoje eu estou ciente de que a gente não sai dessa vida ileso. E mesmo sabendo ainda tenho uma vontade louca de seguir em frente. Hoje pela primeira vez em muito tempo, em todo tempo, eu dominei o medo, aprisionei a insegurança, amarrei os monstros criados pela senhora minha cabeça. Feito isso, hoje eu vivo. 

Feliz.

Amadurecidamente feliz. 

Mayra Coimbra 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Lembranças doídas de momentos bons

Deitados juntos, emaranhados, não era possível distinguir um do outro. Sua respiração e seus corações, se confundiam e parecia o mesmo. Ela fazia-lhe um carinho no braço e afagava-lhe os cabelos. E dizia baixinho para si mesma, como ela era feliz e como era sortuda em tê-lo. Ele retribuía, lhe acariciava o braço ritmicamente e por vezes dava-lhe um beijo. Ainda que sem dizer nada, ele dizia a ela que estava ali, ao seu lado. Espantava-lhe todos os medos.
Apesar de ter durado o bastante, eles sentiam que tudo tinha acontecido rápido demais. Desconfiavam de que esse era um dos mistérios do tempo, de fazer as horas se parecerem segundos, estando ao lado de quem se gosta.
Não queriam que acabasse. Ah se o tempo retrocedesse. Mas foi assim, num piscar de olhos que tudo isso passou a ser lembrança e deixou de ser real. Deixou de ser presente e se tornou passado. Saiu da tela da vida real e se transformou em filme passado na cabeça todas as noites antes de dormir. No início, o que restara era um largo sorriso no rosto e uma vontade absurda de fazer tudo outra vez. Mais uma vez. Eles ansiavam mais que tudo, reviver aqueles momentos de novo e de novo. Não se desgrudar, juntar, colar. A saudade era mágica. Tinha sabor, de valeu a pena. Era tudo lindo. Era tudo flores. 
Mas com o passar dos dias, eles perceberam que apesar do sorriso no rosto, eles carregavam algo mais. Era uma dor que sem que entendessem, doía interna e externamente. Seus corações apesar de imóveis e intactos, parecia que diminuía a cada respirar. Parecia lhes faltar até mesmo o ar. E foi aí que se deram conta, de que era a saudade, fazendo se mostrar na sua forma mais doída. Mesmo que não quisessem sentir, eles sabiam que a saudade viria cobrar o preço de ter vivido momentos tão felizes e profundos. Eles só não sabiam o quanto ela era tão boa e tão má. Tão feliz e tão triste. Tão essencial e tão dispensável. Não sabiam como ela podia machucar tanto aqueles que só desejavam sentir. Mas apesar de tudo, eles tinham uma única certeza: Eles pagariam qualquer que fosse o preço, para viver suas dores de amores. 
Eles suportariam. E sentiam que o que hoje era lembrança, tinha muitas chances de um dia se tornar real. De se tornar futuro. 
Se tornaria.
 

Mayra Coimbra